
Por Mônica Figueirôa
No Evangelho Segundo o
Espiritismo, cap. XV, Fora da Caridade Não Há Salvação, Allan Kardec, ensina
que “Toda moral de Jesus se resume na caridade e humildade, isto é nas duas
virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho”. Em todos os seus ensinamentos,
ele aponta essas duas virtudes com felicidade eterna. (KARDEC, O Evangelho
Segundo o Espiritismo, pág. 150).
Mas o que presenciamos no nosso cotidiano, é o contrário
dessas máximas. Vejamos os exemplos a seguir:
Os políticos em campanha praticam “caridade”, por que se
sentem indignados com a situação dos menos favorecidos, que sofrem injustamente
porque não tiveram uma oportunidade na vida? Ou ao invés de ajudar, estão
corroborando para um estado de acomodação desses indivíduos, que recebendo uma
“ajuda” financeira, uma doação de cestas básicas, dentaduras, camisetas e etc.?
Na maioria das vezes, essas pessoas ficam esperando de campanha em campanha,
serem “ajudados”.
Seria
mais justa, uma ajuda verdadeira, dando subsídios para que essas pessoas
recebessem treinamentos, cursos, ensino formal, para conseguir um emprego, e
seguir o seu caminho com suas próprias pernas.
Essa
ajuda, nada mais é que o modelo de egoísmo desses candidatos, que praticam
essas ações, não no sentido de fazer caridade para com o seu semelhante. Na
verdade, agem da maneira mais egoísta que existe, pensando em fazer o bem a si
próprio.
Um segundo exemplo, são esses socialites, que do alto dos
seus saltos altos, bolsas, carros e helicópteros, pousam de bons samaritanos,
promovendo “eventos beneficentes”, com a desculpa de ajudar os pobres, os
órfãos, os idosos, etc. Na verdade, só aparecem nas instituições beneficiadas
para entregar a arrecadação, acompanhados de toda a mídia, fazendo um verdadeiro
marketing de se mesmos. Nunca fazem uma visita informal, longe dos holofotes,
para doar um pouco de carinho e atenção.
Eis aqui, o verdadeiro modelo do orgulho, que mostra
figuras caridosas, apenas em frente às câmeras e as fotos. Essas pessoas só
estão preocupadas em parecerem boas e não em serem de verdade.
Infelizmente, esses exemplos representam o mundo em que
vivemos. Um mundo capitalista, que promove um modelo Neoliberal, onde as
pessoas e suas ações são vistas como verdadeiros “negócios”, que devem gerar
lucros, acima de tudo, não importando as consequências geradas por essas ações
negativas.
Esse mesmo modelo se repete
na cidade de Salvador. Apesar de ser conhecida nacional e internacionalmente
como uma cidade hospitaleira onde as pessoas procuram ser gentis e está sempre
a disposição para ajudar quem vem de fora, na verdade essa ajuda não aparece
aleatoriamente, apenas para ajudar o outro ou fazer caridade. A maioria, com
algumas exceções, se aproxima dos turistas com o argumento de ajudar, mas, no
final das contas, na hora do vamos ver, essas pessoas cobram uma remuneração ou
alguma vantagem para retribuir seus préstimos; aquilo que a princípio seria um
favor, uma gentileza, no fim das contas, vira negócio.
A ética é deixada de lado. O que importa verdadeiramente
são os resultados obtidos através das nossas ações, que vem sendo praticadas no
sentido de valorizar a imagem ou os negócios envolvidos, deixando de lado o
compromisso de auxiliar os nossos semelhantes. É uma caridade disfarçada e
praticada em benefício próprio.
Um dos maiores exemplos de
caridade e humildade que presenciamos na cidade de Salvador, foi o de Irmã
Dulce, considerada uma das mais importantes ativistas humanitárias do século
XX, sendo referência nacional.
Durante sua juventude, já acolhia os
doentes na casa dos seus pais. Depois de tornar-se freira, Irmã Dulce segue
fazendo caridade aos doentes, acolhendo-os num velho galinheiro que existia no
convento Santo Antonio. A quantidade de doentes cresceu tanto, que não era mais
possível aloja-los nesse lugar. Com essa impossibilidade, Irmã Dulce criou o
Hospital Santo Antonio, construído no local do antigo galinheiro. Além do
hospital, Irmã Dulce criou e ajudou criar várias instituições filantrópicas.
Irmã Dulce foi indicada ao Prêmio
Nobel da Paz, no ano de 1988, pelo então presidente do Brasil, José Sarney. Em
2011 foi beatificada pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo
Majella em Salvador, sendo a beatificação, o último passo antes da canonização.
Irmã Dulce pode se tornar a primeira santa nascida no Brasil.
Enquanto o ser
humano não se conscientizar que ele não vive sozinho no mundo, que suas ações trazem
consequências para com o outro, viveremos num mundo de aparências, onde o que é
mais importante é nosso bem estar: estar no topo, seja das colunas sociais, no
topo da nossa conta bancária ou no topo do poder.
“submetei todas as vossas ações ao controle da caridade,
e vossa consciência vos responderá, não somente ela vos evitará fazer o mal,
mas vos levará a fazer o bem: porque não basta uma virtude negativa, é preciso
uma virtude ativa: para fazer o bem é preciso sempre a ação da vontade, a
inércia e a negligência”. (KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo, pág., 154).
Fonte: KARDEC, ALLAN, O
Evangelho Segundo o Espiritismo.
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