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sábado, 25 de maio de 2013

O alcance da Doutrina Espirita



Por Lúcia Sena
       O Espiritismo é uma doutrina criada por um pedagogo – Allan Kardec - na França no sec.XIX. Esta doutrina considera a morte apenas uma etapa da evolução pessoal e acredita na vida em outras dimensões. Segundo alguns adeptos dessa doutrina, seus ensinamentos foram revelados pelos espíritos superiores a Allan Kardec, a codificou em cinco obras: O livro dos Espíritos (1857), O livro dos Médiuns (1859), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1863), O céu e o Inferno e a Gênese (1868).
     Allan Kardec, seu iniciador, fundou na própria casa um curso gratuito de Química, Física, Anatomia e outras ciências que galvanizaram as mentes curiosas do sec. XIX e ajudaram a preparar o terreno para as revoluções científicas da nossa era. Por essa razão que, desde o início do movimento espírita, ele sempre fez questão de apresentar um vocabulário inspirado nas ciência. Eventos como comunicação com os espíritos e o movimento de objetos sem ação humana aparente, assim como, a  identificação explícita com o método de dedução científica foi uma tentativa de livrar o Espiritismo da pecha de irracionalidade num tempo  em que a Razão era um verdadeiro dogma.
       O Espiritismo chegou ao Brasil em 1860,adotado por intelectuais militares e funcionários públicos. Mas, esta doutrina sofreu perseguições por se diferenciar da religião cristã no tocante a reencarnação e na concepção de que Jesus não é filho de Deus e sim um espírito mais evoluído. O Código Penal de 1890 classificava o Espiritismo como crime. Apesar disso, a doutrina espírita se fortalecia e expunha a população um dos seus lados mais meritório: a caridade.
                  O trabalho Espírita não se atém somente à doutrinação. A essência do espiritismo é levar às pessoas a se reconhecerem como indivíduos atuantes na sociedade e conscientes do seu papel nas relações com o outro e no mundo. Para organizar e sistematizar os trabalhos sociais na Bahia foi criada, desde 1915, a Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB). É uma associação civil, sem fins lucrativos, religiosa e beneficente  com personalidade jurídica de direito privado, reconhecida como entidade de Utilidade Pública Federal de caráter Federativo, Doutrinário, Educacional, Assistencial e Cultural. Esta instituição se localiza no Pelourinho, bairro Praça da Sé.
           A sede consta de ambulatórios, consultórios médicos, enfermagem, gabinete odontológico, farmácia, auditório, sala de esterilização e outras dependências que são utilizadas para o atendimento de pessoas carentes da região.
     Este espaço atende famílias em situação de pobreza, onde o desemprego, o alcoolismo e as drogas são fatores de desagregação familiar.  As crianças, adolescentes e jovens apresentam baixo rendimento escolar que lhes dificulta o acesso à educação continuada e ao emprego, tornando-os vulneráveis às substâncias psicoativas. O atendimento se estende também às pessoas idosas, doentes e desamparadas pela família, que se tornam mendigos e moradores de rua.
        A FEEB realiza atividades e projetos que buscam a igualdade de acesso da população carente à educação, saúde, cidadania, qualificação profissional e inserção ao mercado de trabalho.  Tem a finalidade de promover a autonomia destas pessoas.
     A ações desenvolvidas são continuadas, planejadas e gratuitas. Seguem os preceitos fixados pelas LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social) de 1993 e da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) de 2004.
    Para a realização desses trabalhos, a FEEB conta com uma equipe de voluntários que treinados, formam o corpo de multiplicadores da área social do Movimento Espírita da Bahia.
     É louvável os trabalhos sociais desenvolvidos por entidades espíritas espalhadas pela cidade de Salvador. Outras instituições bastante conhecidas são A mansão do Caminho e a. A cidade da Luz cujos trabalhos são reconhecidos por todo Brasil e até no exterior.
     Será necessário que entidades religiosas também cumpram esse papel social e não deleguem apenas ao Estado. Afinal, não se exercita a fé sem a caridade. E a ação da caridade se traduz em trabalhos que transformem o ser humano em todos os sentidos: material, moral e espiritual.

                       
A DOUTRINA ESPÍRITA AUXILIANDO
A PSICOLOGIA


ENTREVISTA:
Psicóloga: Marília Sena Barbosa
CRP: 03/IP1258
 - Para você o que é a doutrina Espírita Kardecista?
- É um modo de enxergar a sua relação com o mundo e com as pessoas. É uma busca de entender o que é a vida e o que existe além dela.

- O que te levou a ingressar no Centro Espírita?

- Foi a necessidade  que senti durante a minha formação como psicóloga e após  alguns estudos sobre o assunto, de entender a vida. Essa relação de entender o que é a vida e a morte. Trabalhar um pouco a minha fé. Então, quando eu entrei para a doutrina, eu vi que aquilo me completava, tanto no aspecto pessoal, quanto no profissional, assim como no entendimento da vida. Daí, é claro, que comecei a seguir a doutrina espírita.

- Há quanto tempo você frequenta o centro Espírita?
- Há dois anos.

- Você é Psicóloga. Em sua prática profissional já teve alguma experiência com a doutrina espírita?

- Já, sim. Trabalhei quase um ano no hospital. O trabalho do psicólogo no hospital é peculiar. É pouco diferente de outros trabalhos em outras instituições. Porque diariamente o psicólogo vai lidar com questões que se relacionam com a vida, com o adoecimento, com a eminência de morte, perdas e luto. Com alguns aspectos de mecanismos de defesa e enfrentamento em situações de risco. Então, foi durante essas experiências dentro do hospital que eu tive a necessidade de trabalhar meu lado espiritual.
      Durante meu trabalho no hospital, houve um caso de uma paciente que eu procurei utilizar o que ela trazia em relação a sua fé. No que dizia respeito à sua religião para  que eu fizesse a intervenção  diante da  situação em que  se encontrava. Nesse sentido, busquei os recursos que o paciente tinha para utilizar sua fé numa situação de enfrentamento. Assim, durante os atendimentos, eu reforçava estes recursos para que ela se sentisse fortalecida a fim de enfrentar uma situação de risco eminente. Ressignificando então esta situação.

 - Você tem algum caso para exemplificar?
  - Eu atendi uma paciente no hospital, que trazia durante os atendimentos um ressentimento em relação ao médico que lhe havia operado. O profissional cometeu um erro médico durante a cirurgia e por isso, ela o culpava. A paciente, por causa de tal erro, teve que refazer a cirurgia e portanto se encontrava pela segunda vez na UTI. Por causa disso, a mesma não conseguia perdoa-lo. Após alguns atendimentos e trabalhar algumas questões, a paciente revelou que seguia a doutrina espírita. Como eu tenho conhecimento da filosofia espírita, eu utilizei os recursos que ela apresentou como meio terapêutico.
   À  partir desta intervenção, ela teve um grande progresso na terapia, teve alta da UTI e ao visita-la no apartamento do hospital, já estava melhor em relação ao médico em relação a internação , ao processo de adoecimento. Então, a doutrina Espírita foi um recurso utilizado naquela situação. Em momentos em que o psicólogo lida com situações de risco eminente, de adoecimento da alma, esta questão da fé ou de uma religião ou qualquer outra filosofia, são exacerbados, já que às vezes é o único recurso que o paciente tem para enfrentar suas questões de sofrimento. Logo, o trabalho do psicólogo tem que considerar as questões que envolve a fé. Obviamente,  respeitando a crença de cada um.  
  -  Como a ética permeia a prática da psicologia no tocante à religião?
    -   Eu acho que a ética profissional tem por base seus princípios. Toda a atuação do psicólogo tem que permear os  princípios que vão desde que o psicólogo deve basear seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade e dignidade do ser humano, até o pautado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, atuando com responsabilidade social, de forma crítica , respeitando os princípios do código de ética do profissional. Portanto, é descrito neste código, que é vedado ao profissional de psicologia , induzir o paciente a seguir a convicção filosófica , religiosa ou política, moral  ideológica e  outras. Assim, o psicólogo deve utilizar dos próprios recursos que o paciente carrega para facilitar o seu trabalho terapêutico.
                                                          
Bibliografias
                        

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